quarta-feira, 28 de maio de 2008

Primeira Guerra- Site

Tropecei nesse site pesquisando a Primeira Guerra Mundial. Contém uma "enciclopédia", acervo fotográfico e de mídia(pôsteres, audio, vídeo), biografias, informações sobre a tecnologia bélica e campos de batalha, mapas e seções com temas especiais como a trégua no natal de 1914,a batalha de Verdun, canções populares relacionadas à guerra e muitas(mas muitas mesmo!) outras coisas interessantes. Tudo em inglês, mas mesmo quem não sabe a língua deve visitar:

http://www.firstworldwar.com/index.htm
Aproveitem!

terça-feira, 27 de maio de 2008

O soldado alemão "ideal"

Agora sim, imagem dessa semana!



Continuando no tema. Acho que pouca gente sã hoje em dia discorda que a eugenia é uma falácia científica e que limpeza racial é um absurdo disparatado. Aliás esse conjunto de idéias é tão grotescamente infundado que chegou a gerar situações que poderiam quase beirar o engraçado. É o caso da foto abaixo. Essa fotografia de um soldado alemão foi publicada pelo jornal Berliner Tageblatt com a legenda "O soldado alemão ideal". Posteriormente a fotografia foi usada em diversos cartazes de campanha para recrutamento.



Só que o rapaz estava longe de ser o "ideal" nazista. Seu nome era Werner Goldberg e ele era um mischiling ("mestiço"), seu pai era judeu e sua mãe protestante. Werner cresceu sem saber disso, pois o próprio pai decidiu criá-lo como protestante. Só depois de adulto descobriu a identidade judaica do pai. Foi expulso do exército em 1940 devido a sua origem racial. Werner conseguiu proteger o pai de ser mandado para Auschwitz usando seus contatos no exército.

O pai de Werner foi o único membro da família Goldberg a sobreviver à guerra.

Imagens da semana- Recuperando o atraso!

Pois é...duas semanas sem imagens novas...Não foi má vontade, juro!

Bem, como fiquei muito tempo sem postar, lá vão duas imagens para compensar. Lembrando da discussão sobre Eugenia que tivemos em sala e do filme "Homo sapiens 1900", duas imagens relacionadas ao "período áureo" da eugenia (se é que dá para falar uma coisa dessas...)



Primeiro o logo do segundo congresso de Eugenia, ocorrido em setembro de 1921, no Museu de História Natural de Nova Iorque. O cartaz diz:



"A eugenia é a direção propria da evolução humana"






"Como uma árvore a eugenia tira seus materiais de várias fontes e os organiza numa entidade harmoniosa."





E um cartaz de propaganda Nazista de 1936.Nele vemos uma mulher que segura um bebê e um homem com um escudo onde vemos o título da lei de esterilização compulsória de 1933. Em volta deles estão as bandeiras de outros países que, como a Alemanha nazista praticavam a eugenia corriqueiramente. Lê:
"Nós não estamos sozinhos"




Pois é, ao contrário do que gostamos ou nos sentimos confortáveis em pensar, as políticas Nazistas não eram assim tão absurdas no contexto da época...

DE DECCA, Eric (Fichamento)

DE DECCA, Edgar. “O colonialismo como glória do império” In.: REIS FILHO, Daniel Aarão et alli. O século XX: o tempo das certezas. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2000. volume I, pp. 151 a 181

Expansão
De Decca define a necessidade de expansão, com ênfase na necessidade de mercados e matérias-primas, nos seguintes termos:
“A principal característica desse processo desenfreado por ampliação de espaços era a de que a expansão dos Estados europeus tinha sido motivada por uma necessidade irrefreável de ampliação de mercados das economias competitivas do capitalismo industrial.(...) Se as fronteiras nacionais tinham sido até então a base e sustentação do edifício político do Estado, as forças avassaladoras do capitalismo industrial pressionavam para que essas fronteiras fossem rompidas e expandidas a uma dimensão sem precedentes” (pg. 155)
“Tudo o que pudesse representar abertura de novos mercados e domínio de fontes estratégicas de matérias-primas (ferro, cobre, petróleo, manganês, jazidas de diamantes etc.) passou a ser prioritário para as burguesias desses estados europeus expansionistas.” (Idem)

“Imperialismo” enquanto conceito
O autor ressalta que “Imperialismo” não é, como seria fácil imaginar a “formação de um império” já que para formar um império “seria necessário que a nação promotora desse império estendesse suas leis e suas instituições aos territórios anexados e tornasse os povos dessas regiões tão iguais em direitos quanto aqueles que vivem no território da nação mãe. Entretanto aconteceu o contrário dessa situação” (pg. 157) Ele define o imperialismo como “uma política deliberada dos estados europeus de anexação de povos e territórios com vistas à expansão dos mercados capitalistas.” (Idem) Uma política que só pôde se consolidar graças ao domínio militar e a um aparato administrativo específico.

O Imperialismo e o homem comum (europeu)
A era industrial e o Imperialismo definiram grandes mudanças não apenas nos territórios conquistados, mas também no interior dos estados conquistadores. A vida comum sofreu grandes mudanças em termos sociais, comportamentais, econômicos, mudanças que influenciaram a cultura, o consumo, os valores etc. Algumas das mais fundamentais foram o crescimento e modernização das cidades e o advento do consumo de massa. Um outro dado importante como a tecnologia não apenas incrementou a produção das fábricas, mas também a distribuição dos produtos por meio do transporte. O transporte, aliás, junto com as comunicações, também facilitaria o deslocamento do próprio homem para além de seus lugares de origem.

Literatura
O autor usa a literatura como um acervo “rico em sugestões” acerca da mente do homem do período imperialista. Enquanto alguns autores escrevem obras legitimadoras do domínio europeu no mundo, outros se posicionam criticamente, É sobre esses últimos que o autor discorre mais longamente. Em especial De Decca considera “O coração das trevas” de Joseph Conrad, como “romance síntese” da época. Em suas palavras:
“Nesse romance, a grande cidade européia é metaforizada nas selvas africanas, onde o homem civilizado, livre de todas as convenções, imbuído dos ideais de progresso, expande ilimitadamente o seu poder, levando tudo o que o rodeia à destruição e à barbárie” (pg. 167)

O socialismo
O socialismo, no espírito geral de expansão, também se pretendia universal, ainda que suas zonas de atuação na prática fossem a Europa e, em menor proporção, os EUA. Ainda que várias tendências formassem o movimento socialista a mais influente era a corrente marxista. De Decca dá ênfase espacial ao que ele define como “disputa” entre os “partidários da revolução e os do reformismo”. Ele acentua o fato de que, com a difusão das idéias socialistas, propagou-se uma idéia de progresso, de que a revolução socialista seria o próximo passo lógico na evolução humana. Bernstein coloca essa visão em disputa, ao afirmar que “ não era nada viável uma revolução nos países industrializados, acreditava que o capitalismo teria muito fôlego para agüentar crises periódicas e que o movimento socialista deveria se preparar para lutar por reformas políticas e sociais, através de alianças com outros partidos políticos” (pg. 172) De Decca afirma ainda, sobre a expansão do socialismo e sua relação com o imperialismo: “(...) o imperialismo teve que se debater com uma poderosa força política de contestação que ele próprio ajudou a propagar(...)” (pg 174)

A Belle -Époque
De Decca afirma:
“Num período onde as ambições foram imensas e os sonhos também grandiosos, do domínio imperialista ao paraíso socialista, não seria absurdo dizer que todos os outros campos da atividade humana foram também atingidos por essa espansão ilimitaa dos desejos(...)Havia a nítida sensação de que tudo estava em expansão, e as certezas fixas e mecânicas, que haviam garantido o pensamento europeu, principalmente o filosófico e o científico, durante os últimos séculos estavam em vias de desaparecer” (pg. 176)
A ciência e os novos conhecimentos, as mudanças que os acompanham, sua aceitação como emblema do progresso ou sua rejeição são fundamentais para compreender a sociedade da Belle-Époque. O progresso científico gera tanto os meios de transporte e a difusão da cultura, como para a criação da Eugenia, do racismo científico, a fotografia revoluciona a idéia de informação, as mudanças se precipitam umas sobre as outras. “Não seria absurdo afirmar que a valsa, música símbolo de Viena, tinha se transformado na composição de Ravel em uma ‘desvairada dança macabra’ (...)”

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Intenções Imperialistas sobre a China

A charge abaixo foi publicada no fim da década de 1890. Mostra a China (representada por uma torta...ou algo parecido com uma torta) sendo dividida pelas caricaturas da Rainha Vitória, do Kaiser William II da Alemanha (os dois aparecem em confronto mais direto), um samurai, que representa o Japão, e o Czar Nicolau II estudando seu possível pedaço da "torta"(Russos e japoneses disputaram a região da Manchúria durante a Guerra Russo-Japonesa, com vitória japonesa.Mas imperialismo japonês só avançaria de fato sobre a China durante a Segunda Guerra, já as pretensões expansionistas da Rússia czarista só foram retomadas pela União Soviética, e de maneira bem diversa.) e Marianne, a representação clássica da república francesa observando diplomaticamente. Tudo isso enquanto um oficial palaciano manchu (a última dinastia imperial da China tinha origem na Manchúria) se desespera sem poder evitar a partilha.
Embora a China tenha se mantido oficialmente como império independente, a sua divisão em áreas de influência ou concessões foi, como o cartum mostra de maneira bem óbvia, apenas mais um dos muitos processos imperialistas do fim do século XIX.



domingo, 4 de maio de 2008

M. Butterfly

M. Butterfly é um filme de David Cronenberg baseado na peça de mesmo nome de David Hwang. A peça é uma crítica dos esterótipos orientais e se baseia na ópera "Madame Butterfly". Para quem não sabe "Madame Butterfly" é um dos triunfos da visão orientalista do mundo. A personagem título é o melhor exemplo do estereótipo da mulher oriental submissa e disposta a acatar todos os desejo sexuais de um homem branco cultural e racialmente superior. Na ópera, Madame Butterfly é uma gueixa que se apaixona por um capitão da marinha americana; eles se casam (numa cerimônia falsa) mas ele a abandona, grávida. Butterfly acredita piamente em seu retorno e chega a recusar o pedido de casamento de um importante nobre japonês, genuinamente apaixonado por ela. Anos depois o americano retorna com sua esposa legítima (logicamente uma bela e loura norte-americana) e Butterfly, logo depois de suplicar à outra mulher que crie seu filho nos EUA, se suicida.
A peça de David Hwang toma a estória de Madame Butterfly e a subverte, misturando-a com um caso real de espionagem ocorrido durante a Guerra Fria(o caso de Bernard Boursicot). O personagem principal, René Gallimard, é um diplomata Francês na China. Ele se apaixona por uma cantora de ópera, Song Liling. Para Gallimard Liling é uma espécie de encarnação de Madame Butterfly: submissa, delicada, obediente. Mal sabe ele que ela é na verdade uma espiã do governo chinês que só está usando o relacionamento dos dois para conseguir informações. E Song Liling esconde um segredo ainda maior que esse(que eu não vou dizer para não estragar caso alguém queira assitir o filme). Fica a questão: Gallimard foi realmente enganado, ou seus preconceitos em relação ao "Oriente" fizeram com que enganasse a si mesmo?
Num dos melhores momentos do filme, Liling propõe o seguinte exercício mental a Gallimard:
"Imagine uma loura e linda líder de torcida que se apaixona por um chinês baixinho, dono de uma tinturaria. Ele a abandona e ela espera por ele. Ela recusa até a proposta de casamento de um Kennedy. Quando fica claro que o chinês não a quer mais ela se mata. Você certamente acharia essa mulher uma perfeita idiota. Mas como é uma oriental que se mata por um branco, você acha emocionante."
É um filme relativamente fácil de encontrar e já foi até exibido na Tv (pela Globo se não me engano). Tem uma fotografia belissima e além da discussão sobre o orientalismo também faz um bom retrato da China durante a Revolução Cultural, sem contar o atrativo extra de ser um ótimo filme de espionagem :)
Para mais informações:

http://en.wikipedia.org/wiki/M._Buttefly

http://www.imdb.com/title/tt0107468/

http://en.wikipedia.org/wiki/Bernard_Boursicot