domingo, 27 de abril de 2008

Tudo como dantes...

O cartaz aí embaixo, do partido esquerdista sueco Vänsterpartiet é de 2002, mas a lógica básica se aplica muito bem ao período colonialista. Bem, a imagem fala por si (e nem é preciso saber sueco). Em tempo: daqui em diante vou tentar colocar uma imagem interessante por semana (daí o marcador "Imagem da semana" ), preguiçosa que eu sou não coloquei nenhuma semana passada, por que aproveitar o feriadão estava no topo da lista de prioridades, mas a partir de agora vou tentar postar as imagens pontualmente(ou quase).



"Pós-Guerra"- Tony Judt

Geralmente quando a gente procura livros sobre história contemporânea nas livrarias encontra um mar de livros sobre a Segunda Guerra, outros trocentos sobre a Primeira e muitos sobre eventos específicos que marcaram época. É um pouco mais difícil encontrar livros que falem de um modo geral sobre o período posterior à Segunda Guerra. Por isso me chamou a atenção a seção "Livros" da revista Veja dessa semana (acho que ando lendo Veja demais ultimamente :P ). O destaque do artigo de Ronaldo Gama é "Pós-Guerra- Uma história da Europa desde 1945". O título dispensa maiores explicações, mas mesmo assim vamos lá: o enfoque da obra é a Europa desde o período de reconstrução até a dinâmica atual da União Européia. Ou seja para quem quer saber sobre a doutrina Marshall, a desintegração da União Soviética (com ênfase na figura de Gorbachev) e como o imperialismo deu lugar para uma nova configuração político-econômica diversa que "tenta conciliar o poder do estado(sic) e a liberdade econômica numa alternativa ao liberalismo mais ortodoxo do 'modelo americano' ". Parece interessante, pena que, como a maioria dos mega livros de mais de 800 páginas o preço é salgado...

Para ler um trecho do primeiro capítulo:

http://veja.abril.com.br/estacao_veja_2007/livros.shtml

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Propaganda Colonialista

Outro dia estava fazendo uma pesquisa e topei com essa imagem. É um cartaz de propaganda e apologia das ações do governo norte-americano em Cuba, após a Guerra hispano americana . Ele diz: "A bandeira americana não foi plantada em solo estrangeiro para adquirir mais terras, mas pelo bem da humanidade". Ideologia do "destino manifesto", colonialismo, Doutrina Monroe, etc...tudo numa imagem só.



Tamanho original:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/8/8b/Promises.JPG

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Triologia "A Espada de Honra"- Evelyn Waugh

Para quem quer ler um romance sobre a Segunda Guerra Mundial e tem fôlego para uma triologia. Editado pela Nova Fronteira, "A espada de honra", de Evelyn Waugh narra a trajetória de um soldado britânico, desde as dificuldades enfrentadas no alistamento até um desfecho classicificado pelo colunista da revista Veja, Nelson, Ascher como "ambíguo". A triologia é composta pelos livros "Homens em armas", "Oficiais e gentlemen" e rendição incondicional". O autor, Waugh, nascido em 1903, também lutou na segunda guerra e foi um popular crítico da modernidade. O personagem principal da triologia é quase um alter-ego seu. Abaixo um trecho da matéria que saiu na seção "Livros" da revista Veja da semana passada sobre a triologia de Waugh:

"Guy de Crouchback, nascido em 29 de outubro de 1903, vive sozinho com a criadagem no castelo adquirido pelo avô na costa italiana.(...)Quando a conflagração se anuncia, ele, não somente por patriotismo, para cumprir o dever de classe ou dar sentido àvida, mas para expressar igualmente o desdém que sente pela modernidade materializada na Alemanha nazista e na Rússia comunista, regressa a seu país prestes a entrar em guerra."

Para ler trechos dos três livros:

HOBSBWAM, Eric (Fichamento)-Capítulo II

HOBSBAWM, Eric. Uma economia mudando de marcha in “A era dos impérios”. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988.

Nesse capítulo o autor explora as transformações ocorridas na economia mundial, européia em particular, durante o período que vais da crise dos anos de 1870 e a Primeira Guerra Mundial.

Parte 1
Protecionismo e Concentração Econômica

Entre as características do período pós-1870 encontra-se o aumento do protecionismo. Com o aumento vertiginoso da industrialização, produção e comércio, verifica-se uma queda nos preços de diversos produtos, tanto industriais quanto agrícolas. A queda dos preços leva não apenas a um aumento do poder de compra do homem comum como a uma queda nos lucros. No caso do campo o efeito da deflação foi especialmente sentido no campo, levando à formação de cooperativas e ao aumento da emigração. Segundo Hobsbawn, “a grande depressão fechou a longa era do liberalismo econômico”. A fim de evitar a queda dos preços, tomaram-se medidas protecionistas na maior parte dos países industrializados. Verifica-se assim um maior controle do mercado, além de tentativas de eliminar a concorrência estrangeira.
Administração científica/ Taylorismo
A Depressão também gerou a chamada “administração científica” proposta por F.W. Taylor. Esse método de organização tinha por objetivo o incremento dos lucros. Seus principais métodos:
· Isolar cada operário de seu grupo de trabalho, transferindo o controle do processo de trabalho a agentes administrativos.
· Divisão sistemática de cada processo produtivo em unidades cronometradas
· Sistema de pagamento por produção a fim de incentivar o operário a produzir mais.
Imperialismo
Além do protecionismo e mudanças na administração das fábricas, o imperialismo também foi uma saída possível para a queda dos lucros. O autor aponta a coincidência entre a depressão e a fase mais dinâmica da divisão colonial. Segundo Hobsbawn “(...) a pressão do capital à procura de investimentos mais lucrativos, bem como a da produção à procura de mercados contribuíram para as políticas expansionistas-inclusive a conquista colonial.”
Parte 2
Depressão e “boom” econômico

Teoria de Schumpeter – “associa a etapa ‘descendente’ ao esgotamento do lucro potencial de uma série de ‘inovações econômicas e o novo movimento ascendente a um novo conjunto de inovações percebidas basicamente -mas não só - como tecnológicas” (pg. 75)
Teoria de Kondratiev – Relação entre o setor indutrial e a produção agrícola mundial. O primeiro se expande através de uma contínua revolução da produção; a segunda cresce devido à abertura de novas zonas geográficas de produção. > Desaceleração da produção agrícola > “termos de troca” se tornam mais favoráveis à agricultura e menos à indústria, o que explicaria a queda de preços em 1873-1896 e a alta daí até 1914.
“O que tornou a economia mundial tão dinâmica?”
“(...)a chave do problema está claramente na faixa central de países industrializados e em vias de industrialização(...)pois eles agiam como o motor do crescimento global, a um tempo como produtores e como mercados” (pg. 77)
Parte 3
Síntese da economia mundial na Era do Império
· Economia de base geográfica muito mais ampla que anteriormente. Maior industrialização e crescimento do mercado.
· Pluralismo crescente da economia mundial.
· Revolução tecnológica. Atualização da primeira revolução industrial; aperfeiçoamento da tecnologia a vapor. Eletricidade, química, motores de combustãoe outras indústrias revolucionárias se tornam mais importantes.
· Transformação na empresa capitalista: concentração de capital, aumento da escala de produção, retraimento do mercado de livre concorrência. Tentativas sistemáticas de racionalizar a produção e a administração das empresas por meio de “métodos científicos”
· Transformação do mercado: aumento da população, da urbanização e da renda real. Formação de um mercado de massa, não mais restrito às necessidades básicas como roupas e comida, que passa a dominar as indústrias de bens de consumo. Desenvolvimento de novas tecnologias e o imperialismo concorrem para a produção de novos produtos e serviços. Criação dos meios de comunicação em massa.
· Crescimento do setor terciário.
· Convergência de política e economia: aumenta o papel do governo e do setor público. Democratização da política leva à ação política em defesa dos interesses de certos grupos de eleitores. Fusão da rivalidade política entre Estados com a concorrência econômica entre grupos nacionais de empresários.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

HOBSBWAM, Eric (Fichamento)

HOBSBAWM, Eric. A Revolução Centenária in “A era dos impérios”. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988.

O autor parte da idéia da comemoração de centenários (inventada no século XIX) para colocar a questão: “Qual seria o resultado de uma comparação entre o mundo dos anos 1880 e o dos anos 1780”.
O “mundo” dos anos 1880 era “genuinamente global”:
· Mapeamento e exploração mais completos do mundo.
· Maior velocidade nos transportes e na transmissão de informações
· Aumento demográfico
· Desenvolvimento da tecnologia
· Maior produção de riqueza

“Primeiro Mundo” e “Segundo Mundo”
“(...) ao abordar 1880, estamos menos diante de um mundo único do que de dois setores que combinados formam um sistema global: o desenvolvido e o defasado, o dominante e o dependente, o rico e o pobre. Mesmo esta descrição é enganosa. Enquanto o (menor) Primeiro Mundo, apesar de suas consideráveis disparidades internas era unido pela história e por ser o portador conjunto do desenvolvimento capitalista, o Segundo Mundo (muito maior) não era unido senão por suas relações com o primeiro, quer dizer, por sua dependência potencial ou real.”(pg. 33)
"A tecnologia era uma das principais causas dessa defasagem, acentuando-se não só econômica como politicamente. Um século após a Revolução Francesa, tornava-se cada vez mais evidente que os países mais pobres e atrasados podiam ser facilmente vencidos e (salvo se fossem muito grandes) conquistados, devido à inferioridade técnica de seus armamentos” (pg. 32)
No entanto, o autor enfatiza que mesmo dentro do chamado “Primeiro mundo” as disparidades são importantes:
“Assim, grandes extensões da ‘Europa’ estavam, na melhor das hipóteses, na periferia do centro do desenvolvimento econômico capitalista e da sociedade burguesa. Em alguns deles, a maioria dos habitantes vivia visivelmente num século diferente do de seus contemporâneos e governantes(...)” (pg. 35)
Segundo o autor:
“Existia claramente um modelo geral referencial das instituições e estrutura adequadas a um país ‘avançado’(...)Nesse sentido, o modelo da nação-Estado liberal constitucional, não estava confinado ao mundo ‘desenvolvido’. De fato, o maior contingente de Estados operando teoricamente segundo esse modelo(...)seria encontrado na América Latina.” (pgs. 41-2)
Assim o modelo ideal de “país moderno”, que incluía democracia, liberalismo e industrialização só era de fato atendido por alguns poucos países ‘desenvolvidos’ como Inglaterra, França, Alemanha e EUA, e excluía mesmo partes da Europa consideradas parte do “Primeiro mundo” apenas por uma questão de história e cultura comuns. Do mesmo modo a expressão “Segundo Mundo” servia não apenas para designar aqueles povos que não se encaixavam no modelo industrial liberalista, mas também os que não partilhavam da experiência cultural e histórica européia.

Tecnologia e progresso
“O que definia o século XIX era a mudança” afirma o autor. A marca da mudança estava no avanço da tecnologia e suas conseqüências, principalmente econômicas. A revolução industrial permite o incremento de maquinaria a vapor, construção de ferrovias, invenções tais como o telégrafo, turbinas, motores de combustão interna, eletricidade, automóveis etc....
Já fora dos ‘países desenvolvidos’, “a novidade, especialmente quando trazida de fora por gente da cidade e estrangeiros, era algo que perturbava velhos hábitos arraigados, mais do que algo portador de progresso” (pg. 52)
“Assim, sendo, o ‘progresso’ fora dos países avançados não era nem uma suposição plauisível, mas sobretudo um perigo e um desafio estrangeiros. Os que se beneficiavam com ele e o acolhiam favoravelmente eram as reduzidas minorias de governantes e citadinos(...)”
“O mundo estava, portanto, dividido numa parte menor, onde o ‘progresso’ nascera, e outra, muito maior, onde chegara como conquistador estrangeiro, ajudado por uma minoria de colaboradores locais” (pg.53)
A idealização do progresso e da tecnologia, gerou uma avidez crescente pelo avanço técnico e científico. Os êxitos das burguesias ocidentais e a idealização da técnica e da ciência, aliada à cientifização do discurso social levaram à constituição do darwinismo social, isto é uma racismo científico e uma naturalização das desigualdades sociais.
“A humanidade foi dividida segundo a ‘raça’, idéia que penetrou na ideologia do período quase tão profundamente como a de ‘progresso’(...) Até nos próprios países ‘desenvolvidos’, a humanidade estava cada vez mais dividida na cepa enérgica e talentosa da classe média e nas massas indolentes, condenadas à inferioridade por suas deficiências genéticas. Apelava-se à biologia para explicar a desigualdade, em particular aqueles que se sentiam destinados à superioridade.” (pg.54)
O autor termina o texto com o questionamento: aonde levava o progresso? E conclui:
“Por volta dos anos de 1870, o progresso do mundo burguês chegara a um ponto em que vozes mais céticas, ou mesmo mais pessimistas, começaram a ser ouvidas. E elas eram reforçadas pela situação em que o mundo se encontrava nos anos 1870, e que poucos haviam previsto. (...)Após uma geração de expansão sem precedentes, a economia mundial entrava em crise.” (pg. 56)

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Indigènes (Dias de Glória)/ La Ciociara (Duas Mulheres)

Descobri a existência desse filme outro dia...Aqui no Brasil acho que não foi para o cinema, mas saiu direto em dvd. Ainda não pude vê-lo, mas com certeza vou dar uma olhada assim que possível. "Indigènes" ou "Days of Glory" ("Dias de Glória") é um filme de 2006 dirigido pelo franco-algeriano Rachid Bouchareb. Conta a estória dos soldados das colônias francesas na África(marroquinos, algerianos, Tunisianos etc...), que lutaram ao lado dos aliados na Segunda Guerra.
Na Itália o filme foi amplamente criticado por mostrar uma versão idealizada desses soldados muitos dos quais, durante a ocupação da península italiana, foram responsáveis por estupros em massa de mulheres e crianças, em especial na região central da Ciociaria, além de assassinatos e outros crimes de guerra. Enfim, esses eventos são motivo de muitas releituras e discussões, em especial na Itália: muitos vêem nos crimes dos indigènes("indìgenas", como eram chamadas essas tropas) uma reação brutal à violência do Colonialismo; outros os atribuem à combinação entre a violência e anarquia da guerra e a complacência dos oficiais franceses responsáveis por essas tropas, já muitos grupos supremacistas brancos, em especial na Itália, usam esse dado histórico para atestar a inferioridade/desumanidade das pessoas de origem árabe/africana.
Versões a parte, para assistir o trailer de Indigènes:
Para ver o lado italiano dessa estória o filme "Duas mulheres" ("La Ciociara") dirigido por Vittorio de Sica e estrelando Sophia Loren (num papel que lhe deu o Oscar) é uma boa pedida. Nesse filme Loren (com meros 26 anos) interpreta Cesira, a mãe da adolescente Rosetta a quem deseja proteger da guerra, levando-a para sua cidade natal, na Ciociaria. No caminho de volta as duas são atacadas por um grupo de indigènes o que muda radicalmente seu relacionamento.
Para ver a cena inicial do filme: